Novos projetos de arte urbana em espaços da IP

Cultura e Lazer
Património
Requalificação do Património
  • Arte Urbana Confeere
  • Arte Urbana Julien Raffit

A arte ao serviço da manutenção e requalificação dos espaços ferroviários, com o projeto “Reality Blocker”, na Estação de Entrecampos, e “La Folie des Grandeurs”, na Estação de Santos, ambas em Lisboa.

Em resultado colaboração estabelecida entre a Infraestruturas de Portugal (IP) e a Galeria de Arte Urbana (GAU), da Câmara Municipal de Lisboa, foram desenvolvidas duas novas intervenções de arte pública, na Estação de Entrecampos, na Linha de Cintura, e na Estação de Santos, na Linha de Cascais, em espaços extremamente vulneráveis ao graffiti desregulado, requalificando-os e valorizando-os.

Os projetos foram desenvolvidos no quadro do Programa de Arte Pública da Galeria Underdogs, em parceria com a GAU, e que desde 2013 tem vindo a transformar o espaço público de Lisboa, tendo sido definido para 2021 e 2022 um novo formato onde artistas são convidados a criar trabalhos que chamem a atenção para as alterações climáticas - um dos desafios mais importantes para a Humanidade no século XXI. 

Na instalação desenvolvida na Estação de Entrecampos, designada “Reality Blocker”, o artista português Bruno Gonçalves, aka Confeere (n.1995), foca a questão da tecnologia, explorando a forma como esta tem distanciado as pessoas da realidade. Construída a partir da utilização de tecidos recicláveis, é também um apelo à transição para uma economia circular na indústria têxtil, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável e para colmatar o problema do desperdício.

De acordo com o artista estamos cada vez mais sozinhos e virados para os ecrãs dos vários dispositivos tecnológicos a que temos acesso, abstraindo-nos daquilo que se passa à nossa volta. Rapidamente passou de uma distração para um vício. Esta peça, sendo permanente, simboliza isso mesmo. A figura está presente dia e noite, apenas focada no telemóvel, ignorando completamente o que se passa à sua volta.

A intervenção presente na Estação de Santos integra a série “La Folie des Grandeurs” (A Mania das Grandezas), do artista francês Julien Raffin (n.1985). A obra promove uma reflexão contínua sobre a evolução humana desmesurada, a modernização, o progresso industrial e o impacto que estes desenvolvimentos têm exercido sobre os ecossistemas naturais. Questionando a fenda entre o futuro reluzente, inicialmente planeado para a nossa espécie e para o planeta, e a realidade que temos vivido nos últimos 80 anos, explora os desafios que hoje confrontam a humanidade e a necessidade urgente de nos reinventarmos.

O mural, tendo por base a Ponte 25 de Abril, reflete a ideia de que nada é conquistado sem tolerância, resiliência e amor partilhado em comunidade, e que são as ações do dia-a-dia que cultivam e preservam este legado. O trabalho apresenta uma narrativa dinâmica e poética onde composições a cores e a preto e branco se opõem, revelando o contraste e dissonância entre o passado e o presente numa harmonia disruptiva.